O SERTÃO DO CEARÁ NO PERÍODO POMBALINO: RESISTÊNCIA DAS FAMÍLIAS INDÍGENAS E A CRIAÇÃO DA VILA DE CAMPO MAIOR DE QUIXERAMOBIM (1755-1789)

 

José Vandeir Torres Viana 


Resumo:






Este trabalho analisa a implementação da política indigenista do período pombalino no sertão do Ceará entre 1755 e 1789 e a resistência das famílias indígenas que habitavam o território da Freguesia de Santo Antônio de Quixeramobim ao sistema de aldeamento criado neste período. O objetivo principal foi analisar a situação colonial destas famílias indígenas que resistiram ao processo de aldeamento nas “vilas de índios” e as consequências desta resistência. Neste sentido, foram analisadas as funções político-administrativas exercidas pela Freguesia de Santo Antônio de Quixeramobim e pela Vila de Campo Maior de Quixeramobim, no processo de integração destas famílias indígenas ao trabalho regular e disciplinado, sobretudo, como mão de obra nas fazendas de gado e na produção de algodão. Nesta situação colonial estas famílias indígenas tornaram-se moradoras das terras dos grandes latifundiários, passando a viver à margem da legislação e da territorialização indigenista do período sendo posteriormente desclassificas nos censos demográficos como descendentes indígenas. Este processo de desclassificação ou de invisibilidade étnica da população sertaneja tem reverberado até os dias atuais, onde os dados “oficiais” do governo consideram que no sertão central do Ceará não há descendentes indígenas. Foi constatado neste estudo que as famílias indígenas do sertão do Ceará não desapareceram na segunda metade do século XVIII como fazem crer a historiografia tradicional e os dados oficiais do governo sobre os atuais remanescentes indígenas do Estado do Ceará, mas, que viveram outra situação colonial, diferente das famílias indígenas que foram aldeadas nas “vilas de índios”. O que se percebe é que a distribuição territorial e populacional imposta pela política indigenista do período pombalino tem influenciado o atual processo de reconhecimento dos grupos indígenas no Ceará. No entanto, devem ser reconhecidas como indígenas não somente as pessoas que descendem das famílias que foram aldeadas nas “vilas de índios” do período pombalino, mas, também aquelas que descendem das famílias que resistiram à esta política e permaneceram no sertão na condição de moradoras nas terras dos latifundiários.  


VIANA, JOSÉ VANDEIR TORRES. O sertão do Ceará no período pombalino: resistência das famílias indígenas e a criação da vila de Campo Maior de Quixeramobim (1755-1789). 2024. 156 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2024) - Universidade Estadual do Ceará, Quixadá, 2024. Disponível em: 


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