LINGUÍSTICA E PSICANÁLISE

 


RESUMO:

O trabalho aborda algumas questões centrais à interlocução entre linguística e psicanálise, tais como: o uso de dados de língua na teorização psicanalítica, as aproximações e distanciamentos metodológicos entre os dois saberes, a importância da linguística estrutural para algumas formulações-chave de Lacan, dentre outras.


Passada de olhos

A questão das relações entre a psicanálise e a linguística é complicada por dois fatores. Por um lado, essas relações evoluíram; elas foram, com efeito, tão profundamente transformadas pela obra de Jacques Lacan que se pode falar, a esse respeito, de corte. Por outro lado, essas relações não teriam como se reduzir a um único tipo. De fato, convém distinguir quatro questões: a questão da psicanálise e de sua relação com um fenômeno que chamamos de linguagem; a questão da psicanálise e de sua relação com uma ciência que toma como objeto todo ou uma parte do fenômeno da linguagem, e que convém chamar de linguística; a questão da ciência linguística e de sua relação com os dados trazidos à luz pela psicanálise – em resumo: a questão das relações entre a linguística e o inconsciente; a questão da ciência linguística e de sua relação com a teoria da psicanálise.

A psicanálise e a linguagem

A linguagem, como fenômeno, pode ser encarada de dois pontos de vista: ou bem se a considera somente como o conjunto das línguas naturais, de tal modo que são essas últimas – com suas particularidades substanciais ou formais – que importam; ou bem se a considera como um objeto unitário, com suas propriedades gerais (substanciais ou formais).

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MILNER, Jean-Claude. Linguística e psicanálise. Revista estudos lacanianos, v. 3, n. 4, p. p-pp, 2010.




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