ESTUDO HISTÓRICO DA FAMÍLIA LINGÜÍSTICA TUPI-GUARANI

 


A família lingüística Tupi-Guarani 

A família lingüística Tupi-Guarani é constituída de aproximadamente quarenta línguas fortemente relacionadas, com uma distribuição geográfica bastante ampla na América do Sul. Seus extremos atuais são o litoral do Brasil (leste), as margens do Amazonas na fronteira Brasil-Peru (oeste), sul da Guiana Francesa (norte) e sul do Brasil, Paraguai e norte da Argentina (sul) (Mapa 1). A distancia entre estes extremos (norte-sul, leste-oeste) é de aproximadamente sete mil kilômetros. A similaridade entre as línguas sugere uma expansão com grande rapidez, principalmente no sul e litoral do Brasil.  

O conjunto de dialetos do extremo leste da dispersão, onde se aplica o termo geral Tupinambá, já se encontra extinto, embora existam remanescentes de alguns grupos indígenas que falavam estas línguas: os potiguares, localizados no estado brasileiro da Paraíba (Nordeste do Brasil) e os tupiniquim do estado do Espírito Santo (Sudeste do Brasil). Embora extinta, esta língua foi amplamente documentada no período colonial da história do Brasil, com finalidades mercantis e religiosas, e nesta época era denominada Língua Brasílica, ou ‘a língua mais falada da costa do Brasil’. No extremo oeste estão as línguas Omágua e Kokama, bastante próximas entre si, provavelmente co-dialetos, cuja localização é inesperada para uma língua Tupi-Guarani. Uma possível explicação é que o Kokama é uma língua criolizada ou misturada com base Arawak (identificam-se facilmente algumas palavras Arawak como uni ‘água’, mapa ‘mel’) e elementos do Quechua (números, por exemplo). Até 1995 o Kokama/Omágua havia sido classificado como uma língua Tupi-Guarani, e foi relacionado ao Tupinambá na classificação de Rodrigues (1985), no subconjunto III, mas Cabral (1995) a considera uma língua não classificável. Uma das hipóteses consideradas é que trata-se do produto de uma migração tupinambá que teria entrado em contato com línguas locais, talvez já em peródo histórico. No extremo sul estão a maioria das línguas Guarani: Guarani Mbyá (Paraguai, norte da Argentina e diversos pontos do sul e sudeste do Brasil) , Guarani Paraguaio (Paraguai), Kaiová (Brasil, Paraguai), Nhandéva (Brasil, Paraguai), Xetá (estado do Paraná, Brasil), Guayakí (Paraguai) e Chiriguano (sul da Bolívia, norte da Argentina). No extremo norte estão as línguas do subconjunto 8 de Rodrigues (1985), cuja extremidade da dispersão está na Guiana Francesa (línguas Wayampí do Oiapoque e Emerillon). 

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MELLO, Antônio Augusto Souza et al. Estudo histórico da família linguística Tupí-Guaraní: aspectos fonológicos e lexicais. 2000.


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