HISTÓRIA E ARQUIVOLOGIA: INTERDISCIPLINARIDADE A PARTIR DA PRÁTICA
Resumo: Trata-se de discussão sobre interdisciplinaridade a partir da prática de pesquisa e trabalho com documentos de arquivo permante. O objetivo principal é apontar alguns pontos de convergência entre História e Arquivologia por meio das fontes históricas, sua preservação e conservação em arquivos públicos. Objetiva-se também relatar uma experiência de organização de acervo a partir do olhar de um historiador que se aproxima da arquivologia pela necessidade de compreender e instituir ferramentas específicas para preservar e disponibilizar informações históricas.
1 INTRODUÇÃO
Esta palestra foi pensada e preparada para os estudantes de arquivologia que estão iniciando o curso ou o semestre. Neste sentido, a linguagem será bastante simples, sem a utilização dissertativa de instrumental teórico e com o objetivo de partilhar minha experiência com documentos de arquivo permanente. Embora as discussões teóricas não se façam presentes na minha fala, elas permearam todo o processo prático envolvendo tanto a pesquisa histórica quanto o trabalho com os arquivos e possibilitaram as reflexões que faremos neste momento. Proponho um diálogo em duas partes, onde, primeiramente, demonstrarei a importância dos documentos de arquivo permanente para minha pesquisa de doutorado em História e, no segundo momento, relatarei a experiência de trabalho na organização de um acervo de arquivo permanente. Meu principal objetivo é o de que todos percebam como o processo que me levou de usuário a organizador de acervo me fez refletir, do ponto de vista teórico-prático, as relações interdependentes entre a História e a Arquivologia.
Esta interdependência deve nos levar a um diálogo profundo e interdisciplinar que possibilite a participação mútua nos processos que envolvem seus ofícios “disciplinares”. Por isso, quero iniciar expondo um pouco do que eu tenho refletido sobre interdisciplinaridade, pois, mesmo parecendo óbvio que é a prática que consolida esta categoria, ainda se “perde” muito tempo tentando teorizar ou constituir um referencial teórico que “fundamente” esta prática. No meu entendimento, no momento em que a interdisciplinaridade se torna uma categoria de análise ou um “conceito”, o fator autoral da construção teórica vem carregado de disciplinaridade. Isto porque, na formação disciplinar da maioria de nós professores e pesquisadores brasileiros, é quase impossível construir um argumento que não venha carregado daquilo que fomos “treinados” a fazer: pensar a partir dos referenciais da nossa área disciplinar.
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KARPINSKI, Cezar. História e Arquivologia: interdisciplinaridade a partir da prática. ÁGORA: Arquivologia em debate, v. 25, n. 51, p. 37-46, 2015.
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