UMA FESTA “NORDESTINA”: IDENTIDADE E ESPETÁCULO NA FEIRA DE ARTES DE BANABUIÚ – BANARTES (1989 A 2012)


RESUMO

A presente dissertação objetiva estudar a história da Banartes, que ocorre anualmente no município de Banabuiú-CE, entre os anos 1989 e 2012. A Feira de Artes de Banabuiú (Banartes) é identificada como uma feira nordestina, sendo festas semelhantes o Maior São João do Mundo, em Campina Grande-PB, a Feira de Santana, na Bahia, e o Bumba Meu Boi, no Maranhão. Estudamos a história da festa desde sua primeira edição, uma pequena feira/festa, criada por iniciativa de um grupo de pessoas que estavam envolvidas na campanha política do candidato a prefeito de Banabuiú. Inicialmente, a Banartes envolveu diversos setores do município, com destaque para artistas populares locais, até o momento em que o evento assume uma feição espetacular, estruturado com o apoio de comerciantes e patrocinadores regionais. As análises foram feitas a partir das obras de Hobsbawm (2008) e Albuquerque Júnior (2013), o que nos possibilitou investigar os processos de invenção da tradição e os signos da nordestinidade. No sentido de compreender a nordestinidade dentro de uma feição espetacular, ligada à indústria cultural, foi usado o aporte teórico de Nóbrega (2010) e Castro (2012). Ademais, as discussões teórico-metodológicas da história oral foram subsidiadas pelos estudos de Alberti (1990) e Portelli (1997). Para a realização deste estudo, foi realizado um conjunto de entrevistas divididas em dois grupos: organizadores/dirigentes, geralmente gestores municipais e os artistas populares, como artesãos, violeiros e quadrilheiros. Na perspectiva dos organizadores do evento, ele foi construído, desde o começo, sob o signo da identidade nordestina. Nas entrevistas, eles lamentam a perda dessa identidade ao longo do tempo, subsumida ao seu caráter espetacular. As narrativas dos setores populares, por sua vez, dão ênfase à perda de espaço na festa, que, na visão desse grupo, deveria reforçar a identidade nordestina, da cultura local e das suas produções. De modo geral, a história da feira aponta para diferentes perspectivas e tensões sociais entre os organizadores e setores populares em relação aos espaços ocupados dentro do evento.

IANA NOBRE RABELO, 2021.


https://drive.google.com/file/d/1JP-gGbjODTwTDxZIurVU9sza4MqlS-Vq/view?usp=sharing

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