PALEOGRAFIA E SUAS INTERFACES.

INTRODUÇÃO 

O irmão beneditino Paulo Lachenmayer é considerado um dos mais importantes percussores do Design gráfico baiano, tendo desenvolvido enorme produção em heráldica (como o Brasão da Universidade Federal da Bahia), inúmeros trabalhos tipográficos e caligráficos em material ainda para ser pesquisado. No entanto, antes do Paulo, havia o Ernst Lachenmayer, nascido em 2 de janeiro de 1903, numa família católica, em Langenargen, Estado de Baden-Württemberg, Alemanha. Seu pai, Albert Lachenmayer, trabalhava na construção civil e, segundo fontes levantadas por Veiga (2012), provavelmente, era um mestre de obras e estaria na mesma classe de artesãos que os alfaiates, vidreiros, gravadores, calígrafos, carpinteiros, gráficos etc. A mãe, Mathilde Bachmor, percebeu desde cedo a vocação artística do filho Ernst e a estimulava, sendo ele, o terceiro de quatro filhos.

Em Langenargen, às margens do lago Constança, na fronteira com a Áustria e a Suíça, a família viveu até 1905 quando se mudam para Ravensburgo, cidade em que Ernst viverá até a vinda para o Brasil. Era um período de efervescência cultural e política na Alemanha e os processos históricos irão determinar as influências e o destino do futuro monge. O convívio com seu tutor, o mestre escultor sacro Theodor Schnell após a morte de sua mãe, em 1918, promoveu o contato do jovem Lachenmayer com movimentos artísticos como Art Nouveau e o Expressionismo. Contemporâneo da Bauhaus e de inúmeros cursos alemães de caligrafia sob o método do Inglês Edward Johnston (ministrado pela sua ex aluna, Anna Simon), também viveu sob influência da Werkbund (Associação Alemã do Trabalho), que surge em 1907 em Munique. A Werkbund se inspirava no movimento Arts and Crafts, e isso simbolizava um pensamento em voga na sociedade germânica, que tanto revogava o retorno dos ofícios manuais (como um retorno ao prazer associado à manufatura das antigas guildas, o ideal da produção de bens mais duráveis, projetados com o “espírito” e com “paixão”), quanto à ampla utilização das tecnologias industriais (que representavam também o desejo do país em estruturar uma economia forte, expansionista e competitiva).

Essas influências híbridas permeiam os trabalhos caligráficos de Paulo Lachemayer que, ao se juntar à ordem beneditina (sem se ordenar, mas como irmão leigo), chega à Bahia em 1922. Juntamente com Lênio Braga, Manuel Querino, Nelson Araújo (para citar apenas alguns nomes) foi pioneiro do design gráfico baiano, trabalhando intensamente em projetos de livros, ilustrações, brasões e letterings, muitos, junto à Tipografia Beneditina. Tendo também estudado arquitetura, firma-se como polímata, deixando mais uma série de projetos e obras de legado após seu falecimento em setembro de 1990.

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LOSE, Alícia Duhá; SOUZA, Arivaldo Sacramento de. Paleografia e suas interfaces.


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