O TRAÇO DE GÊNERO NA MORFOSSINTAXE DO PORTUGUÊS

 

Gênero tem sido considerado “um tema tradicional na linguística”1 (Unterbeck; Rissanen 2000:ix), e Matasović (2004:13) chama-o de “a única categoria gramatical que sempre evoca paixão”. Corbett (1991:1) afirma que gênero “é a mais enigmática das categorias gramaticais”. Consequentemente, há uma literatura significativa sobre gênero nos estudos sociolinguísticos (cf.: Lucchesi 20002009Karim 2004Aguilera; Navarro 2009Bismarck Lopes 2014, para o português; Hellinger; Bußmann 2001, para uma grande variedade de outras línguas), nos estudos de aquisição e processamento de gênero (cf.: Franceschina 2005Correia; Name 2003), nos estudos da tipologia dos sistemas de gênero (cf.: Corbett 1991), e nos estudos diacrônicos sobre desenvolvimento e perda dos sistemas de gênero (cf.: Matasović 2004)

Entretanto, a literatura sobre os aspectos morfossintáticos de gênero é bem menos extensa. Há incontestavelmente vários estudos sobre a distribuição de gênero nas diversas línguas, como aponta Corbett (1991, capítulos 2 e 3), mas algumas das questões mais básicas para uma análise morfossintática da atribuição de gênero continuam controversas. Dentre elas, destacamos: (i) em que lugar na estrutura hierárquica gênero está localizado? (ii) como é feita a atribuição morfossintática de gênero? (iii) gênero é lexicalmente listado em um nome? (iv) há uma projeção desta categoria que se combina com o nome para atribuir gênero?


CARVALHO, Danniel. O traço de gênero na morfossintaxe do português. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v. 34, p. 635-660, 2018.



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