O LÉXICO DO NOVO CORONAVÍRUS EM MEMES NAS PÁGINAS DA INTERNET: UMA ANÁLISE DOS NEOLOGISMOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS
INTRODUÇÃO
Não
obstante as muitas incertezas, um dos poucos consensos da comunidade científica
refere-se ao distanciamento social que é, por enquanto, a maneira mais eficaz
de evitar a proliferação desse novo vírus, causa da Covid-19, que já contaminou
milhões e levou à morte centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. Esse
distanciamento imposto tem provocado mudanças no ethos social levando as
pessoas a recorrerem a iterações virtuais no intuito de se protegerem ao mesmo
tempo em que protegem, mantendo, assim, seus laços afetivos e demais vínculos
com a realidade exterior de suas casas. A situação se agrava ainda mais quando
se trata das inúmeras famílias carentes confinadas a espaços incompatíveis com
o número de residentes em suas casas, na maioria das vezes, sem as | 98 mínimas
condições de aquisição de equipamentos de proteção individual como máscaras,
álcool em gel, e sem acesso às tecnologias modernas.
Nesse
cenário desafiador de pandemia em tempos de Globalização, a Internet e as
Tecnologias de Informação e Comunicação (doravante, TICs) têm desempenhado
papel fundamental, permitindo uma nova reconfiguração nos modos de interação em
todas as esferas sociais (trabalho, família, escola, religião, cultura, lazer
etc.), embora não totalmente inclusiva em sociedades profundamente marcadas
pelos abismos que separam as classes sociais como é o caso do Brasil.
O
acesso à informação e às novas maneiras de consumo e disseminação dessas
informações têm possibilitado uma vasta gama de práticas sociais permeadas por
gêneros textuais emergentes da era das TICs, como os memes, por exemplo. Esse
gênero textual de caráter multissemiótico tem sido meio escolhido por muitos
como canal de compartilhamento de suas impressões, sensações, sentimentos e
percepções de mundo de maneira dinâmica, crítica, lúdica e socialmente
engajada. Nessa partilha, proliferam-se e consolidam-se, nas práticas discursivas
da linguagem como formas de nomeação, que constitui no léxico de caráter
neológico ou as neologias que vêm atuar na representação e ressignificação do
mundo e da vida em sociedade.
Sendo
assim, neste estudo, temos como objetivo geral analisar os neologismos
sintáticos e semânticos utilizados em memes relacionados à pandemia do novo
coronavírus com o intuito de refletir como essas lexias se constituem, têm se
consolidado e influenciado a maneira como as pessoas interagem em práticas
discursivas no meio digital considerando, ainda, seu potencial discursivo
político e socialmente engajado. Para tanto, nossos objetivos específicos
orientam-se na busca e seleção de memes em páginas da Internet que serão o
corpus de nossas análises focadas no léxico extraído desse corpus enquanto
neologismos, suas tipologias e processos formativos, a saber: neologismos
sintáticos e semânticos a partir dos processos de derivação, composição,
aglutinação e empréstimo. Nossas reflexões estão embasadas em teorias advindas
das ciências sociais e linguísticas como a Lexicologia (ABBADE, 2008; ALVES,
2006; XIMENES, 2012), Modernidade Líquida (BAUMAN, 2001), a Teoria Semiótica
Social da Multimodalidade | 99 (RIBEIRO, 2016; KERSCH; COSCARELLI; CANI, 2016)
e o estudos dos memes (RECUERO, 2006; GUERREIRO; SOARES, 2016).
Neste
artigo, além da introdução, apresentamos a revisão da literatura buscando
embasamento teórico em estudos de ciências sociais, linguísticas e na
multimodalidade (como mencionado anteriormente). Iniciaremos a próxima seção,
refletindo sobre as transformações que vêm instigando debates de especialistas
em diversas áreas no intuito de compreender a sociedade atual; aprofundaremos
nossas discussões trazendo à baila contribuições de Zygmunt Bauman e seu
conceito de modernidade líquida.
MOREIRA, Ailton Pinheiro; LIMA, Ana Maria Pereira; XIMENES, Expedito Eloísio. DA INTERNET: UMA ANÁLISE DOS NEOLOGISMOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS.
https://www.academia.edu/download/66709846/Livro_completo.pdf#page=97
Comentários
Postar um comentário