FILOLOGIA PORTUGUESA NO BRASIL

 Introdução


Ao abrir este trabalho, que tem por objetivo tentar delinear os caminhos percorridos pela Filologia Portuguesa no Brasil nos últimos dez anos, é de todo importante esclarecer o significado com que se trabalha aqui a palavra 
Filologia. Esse termo está sendo utilizado aqui na acepção definida por Ivo Castro como: "ciência que estuda a gênese e a escrita dos textos, a sua difusão e a transformação dos textos no decurso da sua transmissão, as características materiais e o modo de conservação dos suportes textuais, o modo de editar os textos com respeito máximo pela intenção manifesta do autor" (Castro, 1992:124).

Feito esse esclarecimento, pode-se passar ao que se tem feito em termos de Filologia ao longo dos últimos dez anos no Brasil, bem como os rumos que está tomando o trabalho filológico no presente. Uma vez que não existe disponível (ainda!) um banco de dados em que se tenha registrada a produção na área de Crítica Textual e Edição de Textos nestes últimos tempos no Brasil, optou-se aqui por um mapeamento da produção filológica realizada por pesquisadores brasileiros com base na análise de eventos nacionais da área ocorridos neste período. Se, por um lado, esse método de análise permite identificar os pesquisadores e seus projetos com base em trabalhos apresentados nos eventos em que se reuniram estudiosos de vários pontos do país; por outro lado, não é suficiente para identificar aqueles grupos cujos trabalhos têm sido apresentados fundamentalmente em eventos regionais ou locais. Embora se tenha aqui ciência das limitações desse tipo de método de análise, a sua adoção justifica-se por se considerar que os resultados, embora fragmentários, constituem contribuição para a historiografia da filologia portuguesa no Brasil.

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No Brasil, atualmente, a Filologia Portuguesa - que, na verdade, nunca deixou de ser feita, mas sim passou-se a fazer em menor escala e em menor número de Instituições - tem sido impulsionada por duas importantes áreas: a Crítica Genética e a Lingüística Histórica. A Crítica Genética, ramo do saber bastante recente, foi introduzida no Brasil em meados da década de oitenta (sobre a Crítica Genética no Brasil, consultar Salles (1992)) e, a partir de então, está em intenso progresso, ampliando-se fortemente o número de pesquisadores e de centros de investigação vinculados à área. Já a Lingüística Histórica, cujas origens como ciência remontam ao final do século XIX, esteve, juntamente com a Filologia, eclipsada durante o período que vai desde a introdução do estruturalismo no Brasil (década de sessenta) até meados da década de oitenta, quando começa a aumentar o interesse pelos estudos diacrônicos no Brasil.


MEGALE, Heitor; CAMBRAIA, César Nardelli. Filologia portuguesa no Brasil. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v. 15, p. 01-22, 1999.


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