CATATAU, IMAGEM E TRÂNSITO
Saulo de Araújo Lemos
Resumo
Em Catatau, Paulo Leminski desenha uma hipotética estadia de René
Descartes no Brasil durante o domínio de Maurício de Nassau. Publicado em 1975,
o romance apresenta um fluxo textual contínuo, imprevisível e heterogêneo.
Descartes, nessa obra, percorre a linguagem rumo ao mundo e rumo a si mesma:
poesia. Este trabalho conversa sobre dois destinos possíveis e inalcançados da
viagem de Leminski: o Brasil-colônia da era dos descobrimentos, o Brasil
contemporâneo ao autor. Tratando de trajetos que só se afirmam como
possibilidade, este percurso crítico traz os conceitos de imagem, solidão da
obra e fala errante, propostos por Maurice Blanchot em O espaço literário, e
defende que os brasis produzidos a partir da tessitura literária do Catatau
sejam imagens distanciadas umas das outras, bem como dos tempos e espaços que,
segundo o senso comum, as teriam gerado; são uma espécie geminada de signos
opacos que se dirigem à queles dois brasis e deles também se afastam,
transformando-os em algo não Brasil: linguagem, inquietação.
Bylaardt, C. O., & Lemos, S. de A. (2016). Catatau,
imagem e trânsito. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (48),
101–122. https://doi.org/10.1590/2316-4018486
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