DOSSIÊ: O IMPACTO SOCIAL E CULTURAL DAS PLATAFORMAS DE MÍDIA DIGITAL
O IMPACTO SOCIAL E CULTURAL DAS PLATAFORMAS DE MÍDIA DIGITAL.
Submissões até 30 de janeiro de 2024
Com o
advento da Revolução Digital (termo utilizado pelo historiador José Barros
D’Assunção [2022]), observamos as mudanças das relações do mercado, individuais
e culturais, desencadeando novos arranjos, os quais encontram-se em frequente
mutação, com a finalidade de melhor “comportar” a sociedade em que se situa.
Em termos de
mercado, busca-se o olhar, a partir dos conceitos “economia digital” empregado
pelo economista canadense Nick Srnicek (2018_, em sua obra Platform
Capitalism, referindo-se aos negócios que cada vez mais dependem da
tecnologia da informação, dos dados e da Internet para seus modelos de
negócios, os quais atualmente configuram grande parte da economia, entretanto,
devido ao seu dinamismo, a economia digital apresenta-se como um ideal que pode
legitimar de forma mais ampla o capitalismo contemporâneo, pois vem se tornando
um modelo hegemônico, onde as cidades precisam tornar-se inteligente, os
negócios devem ser disruptivos e os trabalhadores têm de ser flexíveis, sendo
neste último, a alteração as relações das classes sociais, onde o “operário”,
tem o sentimento de pertencimento à classe “patrão”, por concluir que é
detentor do seu próprio meio de produção, no entanto, uma parcela da sua força
de trabalho e do seu lucro, encontram-se empregados à uma empresa de dimensões
globais que encontra-se ao alcance da mão.
No tocante,
às relações sociais, vemos as mídias digitais se tornaram parte da construção
dos indivíduos e da individualidade do ser, como apontado por Antoinette
Rouvroy e Thomas Berns (2018), ao permitir o acesso aos dados é permitido a
criação de um “perfil”, alimentado com padrões de comportamentos, escolhas e
recusas, podendo ser moldado de acordo com as necessidades de cada usuário.
Neste sistema, nos faz creer que não haja meios de discriminação, pois possui
somente os dados “imparciais” provenientes das ações de cada pessoa, estes por
sua vez, particulares e “exclusivos”, afastando da generalizações e das médias.
Entretanto, para aqueles que defendem essa possibilidade de uma normatividade,
perfeitamente “democrática”, não considera as relações de classes e categorias
gerais, pois os algoritmos são desprovidos das categorizações sociais,
políticas, religiosas, étnicas, de gênero etc, as quais perfazem o indivíduo
que socialmente as experimenta.
Ou seja,
estamos vivenciando uma sociedade na qual é possível vislumbrar o “declínio da
reflexividade subjetivante e o distanciamento das ocasiões de contestação das
produções de ‘saber’ [cada vez mais em voga, a partir da experiências com
Inteligência Artificial], fundadas no datamining e na
elaboração de perfis.”, o uso dos algarismos digitais no cotidiano, é
delimitado por uma ausência de subjetividade, sem a presença humano racional e
reflexiva, na concepção dos “perfis” onlines, é possível encontrar uma
organização de dados “infraindividuais”, os quais por si só, são
insignificantes, porém elencados em conjuntos criam os modelos comportamentais,
individualizando o sujeito, ao mesmo tempo, que o exclui da confecção do seu
perfil, não o consultando para compreender como este de identifica, apenas o
enumera no sistema global de comunicações (ROUVROY; BERNS. 2018).
A partir destes exemplos, já conseguimos compreender a dimensão, ainda em expansão, dos impactos que as plataformas digitais estão causando na sociedade atual contemporânea. Assim sendo, compreendemos que haja neste espaço pesquisadores, das áreas das Humanas, das Comunicações, das Sociais Aplicadas e também, aqueles que versam na Interdisciplinaridade, pois a temática carece de olhares distintos para compor uma reflexão válida quanto a presença dos meios digitais dentro do nosso cotidiano.
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