CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO: REVISTA INTERDISCIPLINAR DOSSIÊ DO VOLUME 39: A AUTOETNOGRAFIA E A LITERATURA: A VOZ DE QUEM LÊ E INTERPRETA UMA OBRA LITERÁRIA NA ATUALIDADE

 


Volume 39 jan-jun de 2023 (PRORROGADA até 30/04/2022)

A Revista Interdisciplinar de Estudos de Língua e Literatura (UFS) está avaliada como A3 pela CAPES (2017-2020)

Dossiê do volume 39: A autoetnografia e a literatura: A voz de quem lê e interpreta uma obra literária na atualidade

Organizadores: 

Prof. Dr. Daniel Manzoni de Almeida – Université de Bretagne Occidentale (UBO) 

Profª Drª Josalba Fabiana dos Santos – Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Ementa do DOSSIÊ 

O Conselho Editorial da Interdisciplinar: Revista de Estudos de Língua e Literatura abre chamada para o volume 39  intitulado A autoetnografia e a literatura: A voz de quem lê e interpreta uma obra literária na atualidade. A autoetnografia aplicada aos estudos literários considera como central o processo de leitura. Questões de classes sociais, gêneros, sexualidades, nacionalidades, etnias, experiências de vida e, principalmente, das relações de poder de quem lê e interpreta são centrais, porque transbordam na autoetnografia. A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie [1977-] nos lembra, em seu poderoso O perigo de uma história única (2019), sobre a força de quem tem a voz para narrar uma experiência. Essa mesma lógica não costuma ser estendida a quem lê, interpreta e entrega à circulação social a c rítica de um texto literário, apesar de processos interseccionais estarem presentes nesse sujeito. Quem é essa pessoa que lê e interpreta? De que lugar quem critica e estuda a literatura fala? Como a articulação com um contexto sócio-político-cultural da pessoa que lê e interpreta pode influenciar na construção da sua intepretação no estudo de um escrito literário? Como são registradas as impressões de quem lê? E, por fim, a pergunta incômoda: a subjetividade da pessoa que lê uma obra literária deve ser levada em consideração?

A autoetnografia pode se apresentar em diferentes metodologias e surge, em meados do século XX, em resposta contrária ao objetivismo estruturalista da antropologia e se dedica à valorização de uma investigação como um processo e como um produto da investigação em que o “objeto” central é o registro da subjetividade da pessoa pesquisadora. A autoetnografia se advoga como uma forma de investigação e de escrita em que há uma análise da experiência pessoal de quem pesquisa (auto) em conjunto com uma análise sistemática (grafia) da experiência cultural (etno). É uma metodologia qualitativa radical de investigação em que a pessoa pesquisadora registra em um diário ou em uma história de leitura, por exemplo, sua subjetividade e suas objetivações. Portanto, esse registro é posto no centro do processo investigativo, tornando-se assim o próprio objeto da pesquisa, conforme podemos observar em Autoethnography: an overview (ELLIS, ADAMS e BOCHNER, 2011). É, ainda, uma forma de investigação que tem como base um engajamento político radical da pessoa pesquisadora. Dessa forma, a autoetnografia se configura na realização de uma investigação cultural em que o próprio “eu” do sujeito que investiga se reconhece e se coloca como uma voz dialogando com vozes que estão, em muitos casos, por detrás ou que são marginalizadas da construção de significados nas sociedades.

Esses processos subjetivos e metodológicos que levam à observação do processo de construção da interpretação de um poema, de um conto, de um romance pela pessoa leitora ainda são pouco explorados no campo dos estudos literários. Daí surgirem algumas questões: Qual a importância dessas subjetividades na construção de significados e interpretações da obra literária nas sociedades? Como essas intepretações podem ser importantes na construção de um outro lado ou em conjunto com as intepretações canônicas? Como a autoetnografia, enquanto potencial metodológico, pode ser importante nas investigações sobre os processos de subjetivação e interpretação de um poema, de um conto, de um romance pela pessoa pesquisadora em estudos literários?

Seguindo essa perspectiva, serão bem vindos textos frutos de pesquisa que cruzam autoetnografia e estudos literários: 1) análises autoetnográficas de leituras de romances, contos e poemas estrangeiros; 2) análises autoetnográficas de leituras de romances, contos e poemas brasileiros; 3) estudos teóricos da metodologia autoetnográfica como ferramenta de análise literária; 4) estudos de diários e histórias de leitura como fonte de pesquisa em estudos literários; 5) estudos de autoetnografias de processos de escritas literárias; e 6) estudos que relacionem a autoetnografia à teoria literária. 

Prazo para recebimento de artigos para  o volume 39: entre 01/10/2022 e 30/03/2023. (PRORROGADO)

Meio de envio: pela plataforma da revista https://www.seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/about/submissions

Obs: O/a autor/a precisa fazer o cadastro no site da revista e, logo após, submeter o texto para ser avaliado seguindo as normas da revista. Sem identificação.

Previsão de publicação: até julho 2023.

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