AS TOPONÍMIAS INDÍGENAS DO SERTÃO DE QUIXERAMOBIM: UM ESTUDO LINGUÍSTICO-HISTÓRICO-CULTURAL
RESUMO
Esta pesquisa investigou as toponímias indígenas na microrregião do Sertão de Quixeramobim, analisando o processo denominativo de alguns topônimos da região. O interesse pelo tema surgiu a partir da observação de que muitas cidades e distritos do Sertão Central Cearense são denominados com nomes indígenas, mesmo que não tenhamos povos indígenas habitando a região atualmente. Os nomes desses lugares, para o público em geral, se tornam uma realidade conhecida pelo uso que se faz cotidianamente desses topônimos que se perpetuaram ao longo do tempo, entretanto desconhecida em seus significados, suas origens e motivações. Dessa forma, este trabalho se propõe a investigar esse processo denominativo, esclarecendo e discutindo as questões linguísticas e extralinguísticas imbricadas na escolha e perpetuação dessas toponímias do Sertão de Quixeramobim. Para cumprirmos os objetivos expostos acima, utilizamos como principal fundamentação teórica as pesquisas de Dick (1980, 1990, 1992, 2004), bem como sua proposta metodológica, que surgiu a partir do projeto de Atlas Toponímico do Estado de São Paulo (ATESP), e posteriormente se expandiu para o Atlas Toponímico do Brasil (ATB). A metodologia de Dick é uma referência para quem que se propõe a pesquisar toponímias, pois foi a autora que mais sistematizou a pesquisa neste campo do saber no Brasil ao criar um modelo taxionômico que permite classificar os topônimos de acordo com suas motivações. Levando-se em consideração o caráter interdisciplinar da ciência toponímica, suas interfaces nos permitiram a apropriação de conhecimentos de áreas diversas para a construção deste estudo, porquanto tecemos um fecundo diálogo entre linguística, história, estudos culturais e geografia, que nos permitiu uma visão mais ampla dos topônimos em estudo. O corpus é composto por 15 topônimos que nomeiam cidades e distritos da microrregião do Sertão de Quixeramobim. Todos eles foram coletados do mapa de escala 1 : 650 000 disponibilizados pelo IBGE. De acordo com as análises, desse léxico toponímico, 80% são de natureza física, ou seja, sua motivação está relacionada aos aspectos naturais e geográficos dos espaços; e 20% de natureza antropocultural, isto é, sua motivação está relacionada a fatores histórico, culturais e sociais. Pudemos perceber, ainda, que a maioria dos topônimos tem sua motivação relacionada aos aspectos da vegetação e da hidrografia, resultado que nos ajudou a compreender a formação do campos conceitual-cognitivos (BIDERMAN, 1998) que estão envoltos nas escolhas designativas, sobretudo no que diz respeito à relação dos povos indígenas com a natureza.
GONÇALVES, ELIS LARISSE SANTOS; DE, PRÁTICAS DE LETRAMENTOS NA ELABORAÇÃO. MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM HISTÓRIA E LETRAS.
Comentários
Postar um comentário