O ENSINO DE PALEOGRAFIA NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUIVOLOGIA DA UFSC: UM EXERCÍCIO COM OS DOCUMENTOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA



 É muito comum um pesquisador que está no início de sua pesquisa, ou quem nunca teve contado com um documento manuscrito antigo, ao se deparar com um, ficar arrebatado pelo deslumbramento que um documento antigo pode nos provocar, ou muito assustado, inseguro em poder tocá-lo ou mesmo lê-lo! É natural que um documento aparentemente ilegível, espante o leitor. Veremos neste texto como o ensino da Paleografia no curso de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Catarina, e o exercício paleográfico realizado com calma, cautela e empenho, podem tornar um documento ilegível em documento legível, despertando o interesse no desconhecido, decifrando histórias respeitáveis e possibilitando o acesso à informação.

A prática de ler manuscritos antigos, denominada Paleografia, faz referência a épocas distantes, desde que começou a ser necessário registrar e documentar atos jurídicos e administrativos ou interpretar registros e documentos antigos, escritos em caracteres que se tornavam ilegíveis para o comum das pessoas. Em resumo, a “Paleografia abrange a história da escrita, a evolução das letras, bem como os suportes da escrita e os instrumentos de escrever” (1991, BERWANGER, p.16). Segundo João Eurípedes Franklin Leal (1991, p.16), a Paleografia é: 

o estudo técnico de textos antigos, na sua forma exterior, que compreende o conhecimento dos materiais, instrumentos para escrever, a história da escrita e a evolução das letras, objetivando sua leitura e transcrição. 

Essa prática de ler manuscritos antigos requer muita leitura e muito aprendizado, pois precisamos conhecer não somente o tipo de letra da época em que o documento foi escrito, mas também a época em que o documento foi elaborado, o momento histórico em que o mesmo foi produzido. Muitos Arquivos, Centros de Documentação, Informação e Memória, Centros Culturais, Serviços ou Redes de Informações, Órgãos de Gestão do Patrimônio Cultural ou outros setores responsáveis pela salvaguarda dos acervos documentais detêm em seu patrimônio um acervo documental de manuscritos ainda inéditos no que diz respeito a sua transcrição e disseminação.  

O trabalho de paleografia sob estes fundos documentais permitirá um melhor acesso e interpretação dos documentos para os pesquisadores/usuários e proporcionará um conhecimento, antes de tudo, não só da língua e linguagem na época em que o documento foi escrito, como também nos permitirá desvendar como era a vida em sociedade em diferentes épocas.  Devemos observar durante a prática de transcrição paleográfica a base da escrita, a tinta, a grafia das palavras, a caligrafia, a pautação, os parágrafos, a pontuação, a numeração, bem como eventuais tentativas de adulteração do documento, entre outros aspectos. A paleografia tem o papel de interpretar os documentos por meio da escrita, determinando o tempo e o local de sua redação através de estudo metódico.  Veremos, portanto, que além de auxiliar na leitura e interpretação de documentos históricos, a Paleografia é também necessária no processo de formação do profissional Arquivista.  


KRUGER, Aline Carmes. O ensino de Paleografia no curso de graduação em arquivologia da UFSC: um exercício com os documentos do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. ÁGORA: Arquivologia em debate, v. 24, n. 48, p. 211-223, 2014.


http://arquivistica.fci.unb.br/wp-content/uploads/tainacan-items/164298/200838/483-Texto-do-Artigo-2056-1-10-20140321.pdf

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