A PESQUISA EM POLÍTICA LINGUÍSTICA: HISTÓRICO, DESENVOLVIMENTO E PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS
Não é exagero afirmar que, até recentemente, a área de Política Linguística era uma ilustre desconhecida de parcela expressiva dos envolvidos com a pesquisa linguística no Brasil.
Em prefácio ao livro As Políticas Linguística, de Calvet (2007), Oliveira, um dos animadores da área no contexto brasileiro, destaca, a esse respeito, que “Na metade da década de 1980, por exemplo, fui aluno de um bacharelado em lingüística em uma importante universidade brasileira, com várias áreas de estudo, e não tive nenhum contato com o termo ou a disciplina” (OLIvEIrA, 2007, p. 7).
Transcorridas quase três décadas do período ao qual alude o autor, o espaço reservado para questões de política linguística nos currículos de Letras ainda é muito restrito. são poucos os cursos da área em que há uma disciplina específica sobre o tema na grade curricular. do ponto de vista da pesquisa, a situação é um pouca mais animadora, tendo em vista que a conjuntura sociopolítica e econômica brasileira e mundial tem favorecido a discussão de temas relacionados à política linguística.
Considerem-se, por exemplo, as pesquisas atuais sobre políticas para LIBrAs, para línguas indígenas e de imigração, para o português como língua estrangeira etc. A relevância do tema também pode ser avaliada pela ampliação do número de publicações especializadas. Em 2012, a Gragoatá, periódico da Universidade Federal Fluminense (UFF), e a Revista Brasileira de Linguística Aplicada, da Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB), publicaram números específicos sobre questões de Política Linguística.
Contudo, ainda é restrito o número de textos em língua portuguesa sobre o desenvolvimento e os principais postulados teóricos e metodológicos da área, o que é um obstáculo para sua consolidação como disciplina permanente dos cursos de formação de professores de línguas. O livro de Calvet (2007), mencionado anteriormente, continua sendo, até onde se pôde apurar, a única publicação de cunho introdutório disponível atualmente1.
Tendo em vista essa escassez de material bibliográfico em língua portuguesa e visando à necessária consolidação da pesquisa em Política Linguística no Brasil, pretende-se, neste artigo, apresentar um panorama histórico da área, focalizando, especificamente, as diferentes perspectivas epistemológicas que orientaram e ainda orientam as pesquisas desenvolvidas em âmbito internacional.
SILVA, Elias Ribeiro da. A pesquisa em política linguística: histórico, desenvolvimento e pressupostos epistemológicos. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 52, n. 2, p. 289-320, 2013.
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