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Mostrando postagens de março, 2022

A ARTE DA POLÍTICA: A HISTÓRIA QUE VIVI

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 Introdução [Trecho] O tempo não perdoa  Hesitei em escrever um livro a respeito do Brasil que incluísse minha experiência como Presidente. Primeiro, porque talvez se espere de um exPresidente um livro  de memórias ou, se ele tiver experiência acadêmica, uma análise aprofundada das questões nacionais. Sempre tive implicância com a idéia de escrever rememorações  pessoais, autobiografias e coisas assemelhadas. Parece pretensioso e corre o risco da subjetividade, conduzida para fazer o autor sair-se bem na pose histórica. Além disso, não falta quem diga que sou vaidoso. Imagine-se o que diriam se me dedicasse a escrever autobiografia. Pelo menos neste caso valha a boutade, que já  me deu tanto trabalho, de dizer que sou mais inteligente do que vaidoso, e afaste-se de mim este cálice.  Bem que tive vontade de ser um pouco mais memorialista do que sociólogo.  Gravei impressões quase todos os dias em que exerci a Presidência.  Quando o cansaço impedia  esse exercício diário, registrava dois

DA CRÍTICA DIPLOMÁTICA À ANÁLISE TIPOLÓGICA: ABORDAGENS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DOCUMENTAL

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  Do seu surgimento no século XVII aos dias atuais, a diplomática vem transformando-se e readequando-se de acordo com as necessidades de cada período. Procuraremos aqui traçar algumas das possibilidades e usos da diplomática desde sua origem até aos dias de hoje focando, em especial, no emprego de seus critérios no processo de análise aplicado à tipologia documenta l. Com esse objetivo, nos parece pertinente recuperar os conceitos fundamentadores da disciplina, posto constituir ponto crucial para o estabelecimento da espécie documental — termo amplamente difundido no Brasil para designar a configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas (Camargo, 1996) —e do tipo documental. Em uma primeira parte, pretendemos expor alguns dos conceitos fundamentais da diplomática , em especial no que tange aos aspectos conceituais absorvidos da disciplina e sua releitura contemporânea, levando em consideração a arquivística atual, para isso,

FILOLOGIA PORTUGUESA NO BRASIL

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  Introdução Ao abrir este trabalho, que tem por objetivo tentar delinear os caminhos percorridos pela Filologia Portuguesa no Brasil nos últimos dez anos, é de todo importante esclarecer o significado com que se trabalha aqui a palavra  Filologia . Esse termo está sendo utilizado aqui na acepção definida por Ivo Castro como: "ciência que estuda a gênese e a escrita dos textos, a sua difusão e a transformação dos textos no decurso da sua transmissão, as características materiais e o modo de conservação dos suportes textuais, o modo de editar os textos com respeito máximo pela intenção manifesta do autor" (Castro, 1992:124). Feito esse esclarecimento, pode-se passar ao que se tem feito em termos de Filologia ao longo dos últimos dez anos no Brasil, bem como os rumos que está tomando o trabalho filológico no presente. Uma vez que não existe disponível (ainda!) um banco de dados em que se tenha registrada a produção na área de Crítica Textual e Edição de Textos nestes últimos

LINGÜÍSTICA TEXTUAL: RETROSPECTO E PERSPECTIVAS

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Embora freqüentemente se diga que a Lingüística Textual ou Teoria do Texto é um ramo recente da Lingüística, esta afirmação vai perdendo a sua validade: a Lingüística do Texto, hoje, atingiu a maturidade, visto que se encontra, atualmente, na faixa dos 30. A origem do termo, aliás, remonta a Cosériu (1955), embora ele só tenha sido empregado pela primeira vez, com o sentido que possui hoje em dia, por Weinrich (1966, 1967).  Desde então, a Lingüística Textual vem tendo um grande desenvolvimento, tendo passado por momentos diferentes e se inspirado em diferentes modelos teóricos , o que não deixa de ser bastante natural numa ciência em formação. Pode-se dizer, porém, que a selva terminológica e a diversidade de abordagens vêm se rarefazendo e que, agora, já existem mais convergências que divergências . É claro que o que se deseja não é um corpo teórico monolítico e ortodoxo, mas é previsível que, dentro de mais alguns anos, muitos dos conceitos da L.T. já se encontrem estabelecidos

ARQUIVOLOGIA, BIBLIOTECONOMIA, MUSEOLOGIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: O DIÁLOGO POSSÍVEL

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Apresentação Este livro é o desenvolvimento de argumentos e ideias que começaram a ser pensados em 2008 quando, como professor da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (eci/ufmg), fiz parte da comissão de criação do curso de graduação em arquivologia , e em 2009, quando integrei a comissão de criação do curso de museologia. A necessidade de fundamentação teórica para propor e justificar o diálogo e a cooperaçãodestes novos cursos entre si e com as áreas da biblioteconomia e da ciência da informação levou à realização de uma pesquisa, entre 2010 e 2011, no âmbito de um estágio de pós-doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Portugal, com bolsa da capes, sob a supervisão do professor Armando Malheiro da Silva, a quem agradeço pela interlocução. De volta ao Brasil, retomei a pesquisa, com financiamentos do cnpq e da Fapemig, além de orientar duas dissertações de mestrado (uma das quais já defendida) e três teses de doutorado (uma tamb

SINTAXE DA LINGUAGEM VISUAL

 Se a invenção do tipo móvel criou o imperativo de um alfabetismo* verbal universal, sem dúvida a invenção da cámera e de todas as suas formas paralelas, que não cessam de se desenvolver, criou, por sua vez, o imperativo do alfabetismo visual universal, uma necessidade que há muito tempo se faz sentir. O cinema, a televisão e os computadores visuais são extensões modernas de um desenhar e de um fazer que têm sido, historicamente, uma capacidade natural de todo ser humano, e que agora parece ter-se apartado da experiência do homem.  A arte e o significado da arte, a forma e a função do componente visual da expressão e da comunicação, passaram por uma profunda Iransformação na era tecnológica, sem que se tenha verificado uma modificação correspondenle na estética da arte. Enquanto o caráter das artes visuais e de suas relações com a sociedade e a educação sofreram transformações radicais, a estética da arte permaneceu inalterada, ana-cronicamente presa à idéia de que a influência fundame

O PATRIMÔNIO COMO CATEGORIA ANALÍTICA ANTROPOLÓGICA

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  Os chamados “patrimônios culturais” tornaram-se objeto de uma obsessão coletiva. As reflexões que desenvolvo neste artigo são suscitadas pela percepção de um progressivo e ininterrupto inflacionamento dessa categoria, sobretudo depois de sua ilimitada expansão semântica expressa pela noção de “patrimônios intangíveis”. Daí talvez a pertinência de trazermos a noção de “limites” , pois nesse inflacionamento há o risco de trivializarmos o potencial descritivo e analítico que possa ter a categoria, além dos riscos propriamente políticos e que consistem na eliminação da força dessa categoria como instrumento de luta pelo reconhecimento público de grupos e de indivíduos. Afinal, em que medida o fato de se possuir um patrimônio cultural ainda é capaz de diferenciar significativamente indivíduos e coletividades? GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Os limites do patrimônio.  Antropologia e patrimônio cultural: diálogos e desafios contemporâneos. Blumenau: Nova Letra , p. 239-248, 2007. Ficou c

RUMOS DA DIALETOLOGIA PORTUGUESA

 A variação espacial ou horizontal — de que nos ocuparemos aqui — processa-se numa gradação que vai desde pequenas alterações no foneticismo e no material léxico, sem prejuízo de uma fácil compreensão, até uma diferenciação mais avançada, que atinge também a morfologia e chega a acarretar dificuldades à comunicação. No primeiro caso temos os falares, e no segundo, os dialetos. Quando as pessoas que se servem de falares distintos entram em contacto percebem apenas que procedem de regiões geográficas diferentes. No caso dos dialetos os embaraços à compreensão deixam escassamente entrever um fundo lingüístico comum, e isso é tudo.  Naturalmente a distinção entre falar e dialeto representa um esforço de classificação dos graus da variabilidade lingüística espacial, não podendo ser entendida em sentido absoluto. Uma série de variáveis pode matizar o material lingüístico de que nos servimos nas diferentes situações, com o que a distinção aqui definida nem de longe esgota o assunto.  Praticam

DIPLOMÁTICA: NOVOS USOS PARA UMA ANTIGA CIÊNCIA (PARTE V)

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 RESUMO: Este artigo constitui o quinto de uma série de seis publicados na revista Archivaria, da Associação dos Arquivistas Canadenses, em 1991, sob o título: “Diplomática: novos usos para uma antiga ciência”. Nessa quinta parte, a autora aborda a questão da análise diplomática aplicada à forma documental. Entendida pelos diplomatistas como um meio de compreender os atos que geram os documentos, a forma em que se apresentam torna-se objeto de análise desses estudiosos, que estabelecem uma metodologia: a decomposição dessa forma nos seus elementos intrínsecos e extrínsecos. Palavras-chave: diplomática; forma documental; elementos intrínsecos; elementos extrínsecos. DURANTI, Luciana. Diplomática: novos usos para uma antiga ciência (parte V).  Acervo , v. 28, n. 1, p. 196-215, 2015. Ficou curios@?   Acesse: https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/600

UNIDADES FRASEOLÓGICAS IDIOMÁTICAS NO LIVRO DIDÁTICO “PANORAMA BRASIL”: UMA ANÁLISE A PARTIR DE CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLINGUÍSTICA PARA O ENSINO

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RESUMO:  Considerando a abundância de unidades fraseológicas idiomáticas (UFIs) na interação do brasileiro e a importância que os materiais didáticos têm para professores e alunos na mediação do processo de aprendizagem, procurou-se analisar as potencialidades do livro “Panorama Brasil: ensino do português do mundo dos negócios ” quanto ao ensino de UFIs de acordo com autores que apontam métodos ancorados em achados da Psicolinguístic a. Como conclusão do estudo, o material demonstrou ter um desenho adequado para a apresentação das UFIs carecendo, porém, de atividades que favoreçam a fixação dessas unidades pela memória de longo prazo, segundo orientam Durão e Andrade (2009), Lahuerta e Pujol (1996) e outros. Palavras-chave: unidades fraseológicas idiomáticas; português para estrangeiros; materiais didáticos. REIS, Narjara Oliveira. UNIDADES FRASEOLÓGICAS IDIOMÁTICAS NO LIVRO DIDÁTICO “PANORAMA BRASIL”: UMA ANÁLISE A PARTIR DE CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLINGUÍSTICA PARA O ENSINO.  Revista

MEMÓRIA E PATRIMÓNIO ENSAIOS CONTEMPORÂNEOS

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  [...] ABREU, Regina et al.  Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos . DP & A, 2003. Ficou curios@?   Acesse: https://www.academia.edu/download/31802049/o_patrimonio_como_categoria_de_pensamento._in._memoria_e_patrimonio__ensaios_contemporaneos._lamparina__2009._-_goncalves__j._r._s.pdf  

A TOPONÍMIA COMO SIGNO DE REPRESENTAÇÃO DE UMA REALIDADE

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  A ação de nomear as coisas sempre esteve presente na humanidade. As pessoas ocupam, obrigatoriamente, um determinado espaço físico e necessitam dispor-se geograficamente nesse meio, inclusive pela própria necessidade de sobrevivência. Pensando-se essa questão da localização numa perspectiva mais ampla, constata-se que existem espaços maiores _ continente, país, estado, município, distrito, zona rural, zona urbana _ que, por sua vez, situam-se num certo espaço físico com características específicas de acordo com as peculiaridades locais - hidrografia, orografia, vegetação... Assim, anteriormente a uma geografia humana existiu uma geografia física. Além desses elementos de natureza física há, ainda, fatores de ordem sócio-cultural influenciando e/ou determinando a vida do homem inserido nesse meio. Por isso mesmo, o ser humano, para situar-se no espaço que ocupa e para conviver com esse ambiente físico-social que o circunda, necessita nomeá-lo. Em face disso, desde tempos os mais remot

PALEOGRAFIA DA REGIÃO DO CASSINO NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE, BR

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  GODOLPHIM, MOANILDA FRÓES. Paleografia da Região do Cassino no Município de Rio Grande, BR.  Pesquisas em Geociências , v. 17, n. 17, p. 233-254, 1985. Ficou curios@?   Acesse:  https://www.seer.ufrgs.br/PesquisasemGeociencias/article/view/21700