O DIABO NA FRASEOLOGIA FRANCESA E BRASILEIRA: UMA ABORDAGEM FRASEOGRÁFICA, FRASEODIDÁTICA E TRADUTOLÓGICA

 


RESUMO: 

Este artigo realiza um estudo fraseológico a partir do lema diable (diabo) no Le Robert dictionnaire d’expressions et locutions (REY; CHANTREAU, 2016) a fim de estabelecer uma análise comparativa dos fraseologismos formados com a unidade lexical diabo em francês e em português. Pretende ainda oferecer uma reflexão sobre o ensino e a tradução das unidades fraseológicas, tomando o dicionário como importante instrumento no âmbito acadêmico, especialmente, para os aprendizes de francês, no contexto dos cursos de graduação em letras português/francês ou em estudos da tradução. A temática diable foi selecionada em razão de sua recorrência em textos literários, no entanto, a ideia é de estabelecer um modelo de fraseodidática que poderá ser usado com outros temas. Para a realização deste estudo, o quadro teórico leva em consideração uma abordagem ampla da Fraseologia (CORPAS-PASTOR, 1996; MEJRI, 1997), da Lexicografia (OLÍMPIO DE OLIVEIRA SILVA, 2007) da Fraseografia (MIRANDA, 2014; XATARA e PARREIRA, 2011) e da Fraseodidática (PARREIRA, 2018). O estudo evidenciou a riqueza do tema na produtividade de unidades fraseológicas em francês e revelou a carga semântica negativa do diable na fraseologia francesa e brasileira. 

INTRODUÇÃO [TRECHO]

O Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (QECR) é reconhecido, atualmente, como uma das maiores ferramentas para medir as competências a serem atingidas em cada nível de aprendizagem de uma língua estrangeira. O QECR dividiu os níveis de domínio das línguas em seis estratos: A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Com respeito ao domínio das unidades fraseológicas, objeto deste estudo, encontra-se no QECR, o nível A1, que é considerado o nível básico do uso da língua, em que o aprendiz consegue interagir sobre assuntos concretos do seu quotidiano, usando frases feitas, vocabulário e expressões de uso muito frequentes.  

Uma competência em fraseologia está mencionada no QECR, porém, está ligada às expressões do quotidiano ou pragmatèmes como fórmulas de gentileza, de rotina, entre outras. No entanto, a competência fraseológica em relação aos outros tipos de fraseologismos, como as expressões idiomáticas, encontra-se a partir dos níveis mais avançados da língua, sendo eles C1 e C2:  

É capaz de comunicar com um débito normal, contornado eventuais dificuldades de comunicação sem demonstrar esforço; manifesta um bom domínio de expressões idiomáticas, familiares e coloquialismos e tem consciência de significados conotativos. (CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 118).

Conforme se verifica, a competência fraseológica é somente abordada nos níveis mais avançados da língua, o que revela que existe uma lacuna em relação aos quatro primeiros níveis de proficiência na aprendizagem de uma língua estrangeira, distanciando, assim, os estudantes das expressões idiomáticas e dos outros fraseologismos que se encontram no sistema linguístico estudado, o que colabora para dificultar o pleno domínio sociocultural intimamente ligado ao conjunto fraseológico de uma língua. Porém, o QECR, na parte do Componente Pragmática, propõe:  

Algumas funções são objeto de tratamento em todos os níveis de referência, seja através de realizações linguísticas com um grau crescente de complexidade gramatical ou de realizações que introduzem variações relacionadas com a dimensão social e cultural do uso da língua, como as diferenças de registo, os marcadores linguísticos de relações sociais, as expressões idiomáticas e de sabedoria popular, que o QECR refere, em particular, para descrever as competências sociolinguísticas (CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 169).  

Os pesquisadores e os especialistas da língua que trabalham na elaboração do QECR têm consciência da importância das unidades fraseológicas para a aquisição de uma língua, bem como para a elaboração de pré-requisitos em termos de competência linguística para medir os níveis atingidos. Vale relembrar que todos os exames de proficiência em língua estrangeira seguem os níveis propostos pelo QECR. É a partir dessas reflexões que se vê a necessidade de elaborar métodos didáticos para que os aprendizes de língua estrangeira consigam atingir certo domínio das unidades fraseológicas ao longo da aprendizagem num curso graduação em de Francês Língua Estrangeira ou Tradução.   


NUNES, Quentin Olivier Branco; MARQUES, Elizabete Aparecida. O DIABO NA FRASEOLOGIA FRANCESA E BRASILEIRA: UMA ABORDAGEM FRASEOGRÁFICA, FRASEODIDÁTICA E TRADUTOLÓGICA.


https://scholar.archive.org/work/y6b5cexmhvgaxibsd4mndwfkhi/access/wayback/https://www.unigran.br/dourados/interletras/conteudo/artigos/16.pdf?v=35

 

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